quinta-feira, junho 22, 2006

O Estresse (Por Lilian Hirata)

O estresse deve ser tratado de dentro para fora. É o que defende o professor britânico Mike George, que esteve recentemente no Brasil lançando o livro Viva Melhor - os Sete Clicks Essenciais para uma Vida sem Estresse (Publifolha). Ele aborda a questão não como uma patologia física simplesmente, mas sobretudo emocional. "Não existe essa coisa chamada problema e sim situações que podem melhorar. O estresse está no modo de vida, na maneira de enxergar o mundo e os outros e de se fazer enxergar", explica. E os pensamentos e sentimentos têm papel fundamental no desenvolvimento do distúrbio. "O medo, por exemplo, é um costume adquirido, aprendemos a tê-lo desde a infância com os pais. Ele provoca emoções negativas que costumam desencadear reações estressantes, tirando a energia e a capacidade de se criar escolhas na hora de uma situação difícil", diz. Aliás, a crença de agir pelo medo é duramente criticada no livro. "Mente tranqüila é mente criativa", resume o autor

Confira abaixo as sugestões para um cotidiano sem estresse. Entretanto, é bom lembrar que as mudanças não acontecem da noite para o dia - requerem tempo e paciência. Mas sempre vale a pena buscar um caminho para melhorar a qualidade de vida.

NÃO FALE
Isso não significa ser mudo, porém, diga somente o essencial e na hora certa. O mesmo serve para o turbilhão de pensamentos que insistem em bombardear a cabeça o tempo todo. Eles também são considerados 'vozes' por Mike George e devem ser afastados. O autor acredita que mentes tranqüilas têm a capacidade para combatero estresse de concentração e de criatividade maiores. Comece falando menos, devagar e de forma suave - este simples exercício será capaz de revelar seu ritmo natural. "O hábito ajudará na capacidade de discernimento e decisão, poupando energia e criando ao seu redor um ambiente muito mais sereno", ensina.

SOLTE-SE
Segundo o especialista em estresse, o apego causa grande sofrimento e, conseqüentemente, medo. Ele divide esse apego em coisas internas (lembranças, crenças e idéias) e externas (pessoas, carreiras, privilégios). A explicação é simples: a dor é causada pelo medo e, neste caso, pelo receio de perder ou estragar o que se possui. Claro que não é para largar tudo e de uma hora para outra passar a ter uma vida desprovida. Tratase de uma atitude mental de se desprender dos bens. "Tudo que você tem deve ser usado de forma útil, nada mais do que isso", explica. Para ajudar, o britânico propõe dois exercícios práticos. No primeiro, anote seus apegos (crenças, objetos, pessoas, recordações, etc) e imagine sua vida sem eles. Certamente, essas coisas ainda estarão com você, mas, ele garante, o apego a elas diminuirá e o medo de perdê-las também - e como resultado o estresse. O segundo tem a finalidade de melhorar a capacidade de resposta às situações difíceis através da 'observação desapegada'. Em vez de se emocionar e se envolver com a história de um filme, por exemplo, procure observá-la e analisá-la sob um outro ponto de vista. Isso auxiliará no controle das emoções, na manutenção da calma e ajudará no momento que enfrentar uma situação real.

FIQUE DE FORA
Não se intrometa na vida alheia. "Isso consome energia e não produz resultados", diz Mike George. Não significa, no entanto, tornar-se anti-social. "Ajuda bem-vinda é aquela solicitada. Mas a cooperação de uma pessoa que não se deixa envolver completamente pelos problemas dos outros é ainda melhor". Afinal, ao olhar uma questão de fora o indivíduo desenvolve uma perspectiva melhor na busca da resposta.

OUÇA
Mike George fala da 'voz da verdade inata' que viria a ser aquela 'voz interior' (ou consciência), que todo mundo tem. E ela deveria ser consultada sempre. O ideal, segundo o autor, é a pessoa se voltar para dentro de si para ouvir as respostas que busca. Ao ignorá-las, principalmente quando vão contra aquilo que se deseja em determinado momento, o indivíduo acaba desencadeando sentimentos negativos e emoções explosivas, causando o estresse. Como numa espécie de meditação, faça silêncio, escolha um local tranqüilo e afaste sentimentos e pensamentos de sua mente. Lembre- se de que a técnica exige prática. Comece a treinar diariamente até atingir um silêncio interior profundo. Nessa hora, exponha suas dificuldades e espere pela resposta. Ela certamente surgirá no momento oportuno.

ACEITE AS DIFERENÇAS
Nem todo mundo pensa como você - e é preciso aceitar o fato. Para o professor britânico, ao resistir ao outro, ao diferente, cria-se inúmeros atritos. Então, reconhecer a diversidade é o caminho ideal quando se quer influenciar, persuadir e modificar alguém ou uma situação.

CONHEÇA-SE
Você é único, um ser além de seus atributos físicos e materiais. Daí a necessidade de conhecer sua 'verdadeira identidade' e de libertar-se de estigmas e rótulos. "O autoconhecimento também permite distinguir quando e por que o estresse surge, ajudando a lidar com ele. Inicie este trabalho excluindo tudo aquilo que você não é, ou seja, os rótulos, como cargo, posição social, etc. A forma de se enxergar tende a influenciar a maneira como você vê o mundo", afirma o especialista Mike George.

PASSE ADIANTE
Tudo foi feito para ser bem usado e depois seguir seu caminho. "Pense em um rio. Uma de suas características é nutrir e sustentar todas as criaturas que lhe tocam em seu curso. O mesmo vale para as pessoas. O ser humano deve transmitir seus conhecimentos, habilidades e tudo o que tiver aos outros, permitindo que o rio da vida flua, sem empecilhos. Ou seja, dê mais do que recebe. Quem não passa para frente o que lhe chega está tentando bloquear o fluxo vital e vai sentir a pressão", resume o britânico.

O ESTRAGO NO ORGANISMO

Em situações de estresse, o corpo sofre reações químicas que, em excesso e por um longo período de tempo, são prejudiciais à saúde. Acontece da seguinte maneira: a produção de adrenalina é aumentada (o que eleva a pressão sangüínea), assim como a de cortisol (que faz baixar a imunidade a doenças e prejudica a memória), e a de noradrenalina (provocando taquicardia e sobrecarregando o coração a longo prazo). Por outro lado, esse estado de agitação cotidiana estimula a diminuição de serotonina, neurotransmissor cerebral responsável pela sensação de relaxamento, cuja deficiência pode levar a transtornos alimentares, como compulsões e bulimia. "Quando o estresse se prolonga, torna-se crônico e seus sintomas ficam mais intensos", explica Luis Alberto Hetem (SP), membro da Diretoria da Associação Brasileira de Psiquiatria. "Isso faz com que o organismo trabalhe em condições de sobrecarga, podendo provocar a falência de circuitos nervosos relacionados a emoções, desencadeando problemas de ansiedade e depressão", esclarece.


PARE E PENSE

Veja alguns dos sintomas físicos, psíquicos e emocionais que o estresse pode produzir:
.• Taquicardia • Suor intenso e excessivo • Dor de cabeça • Cansaço • Agitação • Mau-humor • Irritabilidade • Perda de memória • Incapacidade de concentração • Insônia • Tremores • Diarréia • Tristeza • Angústia

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