quarta-feira, junho 21, 2006

As experiências de Quase-Morte – Parte 2::
Emmanuel SwedenborgConsiderado um dos precursores do Espiritismo, relatou sua experiência fora do corpo, explicando como passou pelos primeiros eventos da morte. "Fui levado a um estado de insensibilidade quanto aos sentidos corporais, quase a um estado de morte. Porém, a vida interior, com o pensamento, permaneceu íntegra e, com isso, percebi e retive na memória as coisas que ocorreram aos que são ressuscitados dos mortos”. Ele se encontra com anjos que desejam saber dele se está preparado para morrer. Os anjos ou espíritos conversam uns com os outros, diz o pensador sueco. A fala desses anjos é escutada naturalmente por ele, mas não é ouvida pelos que estão à sua volta. A razão é que a fala do anjo flui diretamente para o pensamento. Swedenborg descreve também a “luz do Senhor” que permeia o além, uma luz de brancura inefável que ele próprio viu de relance. É uma luz de verdade e compreensão. Nos EUA oito milhões de ressuscitadosUma pesquisa realizada em 1982 pelo Instituto Gallup dos Estados Unidos (país que tem o sistema de resgate e ressuscitação de pacientes com paradas cardíacas mais aperfeiçoado do mundo) registrou que cerca de oito milhões de pessoas passaram pelo trauma da morte súbita interrompida. O maior índice de pessoas que passaram por esta experiência de quase-morte é residente na cidade de Seattle, onde Kimberly Sharp, assistente social americana, escreveu o livro “After the Light” – Depois da Luz, onde relata o testemunho de dezenas de pessoas, material este coletado ao longo dos anos em que trabalhou no Harborview Medical Center, de Seattle. O testemunho mais importante é o seu próprio. Em 1970, aos 22 anos, ele teve uma parada cardíaca e ficou desacordada por uma hora e meia. Segundo ela, a maior e mais radical mudança acontecida em sua vida, após ter estado com a vida por um fio, foi o sonho de todo ser humano: perdeu o medo da morte. “Isso não significa que quero morrer. Adoro a vida, mas é muito melhor viver sabendo que tudo não acaba aqui”, diz Kimberly. Nasci de novoEvio Santos, 31 anos, em 31 de dezembro de 1997, levou um choque elétrico. Enquanto os médicos suavam para ressuscitá-lo, ele via sua mãe, Maria Ligia, que morrera de câncer quando ele tinha cinco anos de idade. “Tive medo, mas minha mãe me acalmou”. O coração de Evio parou por 30 minutos (os médicos dão sobrevida de apenas cinco minutos para o cérebro).Ele não acredita em vida após a morte e “não sei se foi sonho ou realidade. O que importa é que nasci de novo e agora valorizo muito mais minha vida. Aprendi como somos limitados diante da morte”, diz.Radialista, depois de morta, descobre que o médico tem amante e afirma: A vida na Terra é apenas um laboratório. “Ouvi o médico dizer que eu estava morta. Queria gritar que tinha medo de ser enterrada viva, mas ninguém dava bola. Tentei tocar a enfermeira, mas minha mão atravessou o braço dela. De repente, saí do corpo e voei no corredor do hospital. Tão alto que minha cabeça quase batia no teto. Era tudo tão vivo, tão forte. Não tenho nenhuma dúvida de que era realidade”, diz a radialista Maria Aparecida Cavalcante, 42 anos. Enquanto um dos médicos tentava reanimá-la com massagem no coração, ela o ouvia desabafar com a equipe de enfermeiros sobre desentendimentos dele com sua amante. Recuperada, ela diz que perdeu o medo de morrer. “Sou uma pessoa mais tranqüila e muito mais ética. Isso aqui é apenas um laboratório”. Uma viagem para renovação No seu livro Other-world Journeys, Carol Zaleski, teólogo de Harvard, inclui depoimentos deixados por povos antigos gregos, romanos, egípcios e orientais, onde eles afirmam ter morrido e em seguida terem retornado à vida. Garantem ainda que após essa experiência deixaram de temer a morte como antes. Para eles a morte seria uma viagem cujo objetivo é recuperar a “verdadeira natureza” do viajante.O que dizem alguns cientistasA falta de oxigênio nos tecidos do cérebro, definida por hipoxia, é o argumento preferido dos cientistas para tentar explicar as imagens que os pacientes têm da morte. Nesse processo há uma completa desestabilização das imagens visuais uniformes, daí a percepção de linhas, túneis, do branco.Para Mônica Fonseca, neurologista com mestrado na UFRJ, a visão que Evio teve da mãe durante o episodio, “Foi ocasionada por um lapso de memória durante a parada, ele completou essas lacunas com a imagem da mãe. Provavelmente, a perda da mãe não ficou muito bem resolvida em sua cabeça. O sofrimento de certas áreas do cérebro pode levar à criação de imagens, como num sonho”.Novos paradigmas da ciênciaOs tecidos profundos do lobo temporal direito do cérebro continuam em atividade mesmo depois da morte. Isso aconteceu com pacientes que tiveram paradas cardíacas de mais de dez minutos. Essas experiências representam evidencias circunstanciais de que algum tipo de consciência sobrevive à morte da matéria e que o lobo temporal direito pode ser um mediador das vivências espirituais dos indivíduos, elucida o neurocientista e pediatra americano Mel Morse, num estudo intitulado “Os novos paradigmas da Ciência”. Por outro lado, a experiência de quase-morte não deve ser confundida com alguns fenômenos paranormais, onde uma criatura se desliga do corpo por algum tempo e depois retorna, como foi o caso do famoso médium Mirabelli, cujo desligamento era tão intenso e longo que as pessoas a sua volta sentiam o cheiro de seu corpo, como se estive em estado de putrefação. Shirley MacLaine em seu mais conhecido livro “Out on a Limb” relata marcantes fatos paranormais acontecidos com ela mas, no entanto, esses fenômenos também não têm nada a ver com a morte aparente.As pesquisas e os estudos desse fenômeno, por si só, são muito interessantes, exigindo que todos, mesmo os que não acreditam em nada, pensem sobre o assunto, afinal os fatos estão aí, demonstrando que pode haver uma sobrevida, após a morte do corpo. As experiências vividas pelas criaturas aqui relatadas e milhares outras registradas em livros e reportagens, devem ter o seu objetivo, talvez resgatar nessas pessoas o desejo de viver ou o respeito a Deus, pois todos que voltaram dessa inusitada experiência, transformaram sua visão a respeito das pessoas e do mundo, perderam o medo da morte e deram muito mais qualidade a suas existências, passando a viver com mais alegria, ética e destemor. Por tudo isso, a ciência não poderá se furtar a estudar este tema, que interessa bastante a humanidade, até porque, como diz o neurocientista Antonio Damásio:“Eu acredito que as duas culturas (ciências e humanidades) estejam de fato se aproximando. Há um grande interesse em como o cérebro e a mente trabalham, por parte de humanistas e existem agora alguns cientistas que desejam encontrar os humanistas a meio caminho e travar um diálogo verdadeiro”.

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