por Euckaris Guimaraes Mendes
As tarefas evolutivas executadas por nós na Terra fazem parte de um processo dinâmico que levará nossas almas ainda por inúmeras encarnações. A vida não tem outro objetivo senão o de doação, de proteção e de recursos, para que possamos atingir uma estabilidade íntima que nos assegure a clareza e a serenidade mental, elementos imprescindíveis que nos facilitarão o progresso espiritual.
Se acreditarmos, porém, que nossa felicidade ou infelicidade vem de coisas externas, do acaso ou das mãos de outras pessoas, estaremos dificultando nosso crescimento e amadurecimento interior.
A criatura que atingiu a lucidez espiritual já adquiriu a capacidade de compreender a eficiência com que a natureza age em todos nós. Ela se conduz no cotidiano pacificada e serena, pois percebeu que está constantemente ganhando recursos da vida excelsa, mesmo quando atravessa o que consideraríamos “transtornos existenciais”. Ao mesmo tempo, aprendeu que, por mais que se preocupe, a reunião de todas essas preocupações não poderá mudar coisa alguma em sua vida.
"... O Espírito na escolha das provas que queira sofrer (...) escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a prosseguir mais depressa". LE. 264.
A Providência Divina agindo em nós faz com que saibamos exatamente o que precisamos escolher para nosso aprimoramento interior. Para que a consciência da criatura tenha uma boa absorção ou uma sensível abertura para o aprendizado é preciso que adquira senso e raciocínio, noção e atributos, todos extraídos de suas provas e expiações, ou seja, das diversas experiências vivenciais.
As almas estão vivenciando o útil e o necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades naturais e divinas. Podemos orientar, amar, apoiar, ajudar, mas jamais achar que sabemos melhor como as coisas devem ser e como as criaturas devem se comportar.
Quando dizemos que nos preocupamos com os outros, quase sempre estamos nos distanciando, voluntariamente ou não:
- das atitudes que não temos coragem de tomar;
- das responsabilidades que não queremos assumir;
- das carências afetivas que negamos a nós mesmos;
- dos atos incoerentes que praticamos e não admitimos;
- dos bloqueios mentais que possuímos e não aceitamos.
Deslocamos todos os nossos esforços, atenção e potencialidades para socorrer, proteger, salvar, convencer e aconselhar nossos “companheiros de viagem”, esquecendo muitas vezes de nossa primeira e mais importante tarefa na Terra: nossa transformação interior!
Não podemos nem devemos forçar mudanças de atitudes nas pessoas. Em realidade só podemos modificar a nós mesmos. Nosso livre arbítrio nos confere possibilidades de uso particular com o fim específico de retificarmo-nos, porém não nos dá o direito de querer modificar os outros.
Cada um se expressa perante a existência como pode. Suas criações, seus desejos, metas objetivos são coerentes com seu grau de evolução. Qualquer tipo de coação em um modo de ser é profundo desrespeito.
Confiemos na Paternidade Universal que rege a todos, visto que preocupação, em síntese, é desconfiança nas Leis da Vida. Não nos compete determinar ou dirigir as decisões alheias, nem mesmo temos o direito de convencer ninguém ou censurar as opções de vida de quem quer que seja.
Por que condenar os atos e as atitudes de alguém que o próprio Criador do Universo deixou livre para decidir? Por que sofrer ou preocupar-se com isso?
Tudo ocorre dentro de um perfeito sincronismo tempo/espaço. Se alguém não está conseguindo caminhar convenientemente agora, é porque lhe falta algo a fazer, ou mesmo coisas a aprender. Tudo acontece naturalmente quando estamos empenhados em sermos melhores a cada momento, mas com vagar, respeitando o tempo nosso e do outro. No Universo, tudo obedece a um ritmo natural; as raízes de nossa evolução corporal/espiritual estão arraigadas nas íntimas relações com a Natureza. Em nível mais profundo, somos parte dela.
Há um tempo para tudo. Em verdade, os ritmos que nos governam são inerentes à vida. Nossa identificação com a Vida Superior se plenifica quando harmonizamos nossos ritmos internos com os ritmos externos da Natureza.
Kardec indaga aos Espíritos: “Os seres que habitam cada mundo, hão todos alcançado o mesmo nível de perfeição?” E eles respondem com sabedoria: "Não; dá-se em cada um o que ocorre na Terra: uns Espíritos são mais adiantados do que outros." LE. 179
Os ritmos interiores se prendem ao nível evolucional/espiritual de cada um e toda a vida no Universo está dentro de uma ordem perfeita. Tanto os astros da abóbada celeste, como os seres microscópicos do nosso planeta, todos são regidos por uma Divina Ordem que mantém trajetórias e órbitas perfeitamente alinhadas, como também os ritmos e os propósitos coerentes com o grau de necessidade e progresso das criaturas e das demais criações.
É importante caminhar passo a passo, acompanhando nosso próprio compasso existencial e percebendo a hora propícia de mudança!
“O dia de hoje nos fornecerá exatamente as oportunidades de que precisamos para compor com estrofes e versos harmônicos o “poema de nossa vida”, cuja métrica foi antecipadamente determinada por nós no ontem. Nossas experiências da vida não acontecem por acaso. O Planejamento Divino nada faz sem um desígnio proveitoso: tudo tem sua razão de ser. Não é preciso desespero. Nem preocupação que sempre é inútil: tudo acontece como tem que acontecer”. (Hammed)
OBS. TEXTO FAZ PARTE DO LIVRO " NOSSAS PALESTRAS"
Nenhum comentário:
Postar um comentário