Empresário diferente
O empresário italiano Enzo Rossi ganhou as páginas de jornais europeus
depois de fazer uma experiência curiosa.
Dono do pastifício La Campofilone, que fatura 1,6 milhão de euros por ano,
ele decidiu passar um mês inteiro com a quantia que paga aos seus operários.
Foram 1.000 euros para si próprio e 1.000 euros para sua esposa, que também
trabalha na empresa (no total, o equivalente a 5.400 reais).
O dinheiro acabou em vinte dias.
Rossi, então, deu um aumento a todos os funcionários do pastifício.
Ele falou ao repórter Fábio Portela.
POR QUE O SENHOR DECIDIU VIVER UM MÊS COM O SALÁRIO DE UM OPERÁRIO?
-Achei que seria educativo para minhas filhas.
Tenho duas meninas, de 14 e 15 anos, que, como todos os jovens, sempre
pedem mais do que precisam.
Queria que elas soubessem como é a vida das pessoas mais pobres.
Achei que seria pedagógico para as meninas aprender a controlar um pouco as
despesas.
Por isso, combinamos que viveríamos durante um mês com o salário dos
operários do pastifício.
Foram 1 000 euros para mim e 1 000 euros para minha mulher, que trabalha
comigo na empresa.
QUAL FOI O RESULTADO?
-Tenho vergonha de confessar, mas a verdade é que não cheguei nem perto do
fim do mês.
Apesar de toda a economia que fizemos, o dinheiro acabou no dia 20.
O meu, o da minha mulher, tudo.
Faltavam dez dias para o mês terminar, e eu não tinha mais 1 euro no bolso.
Encerrei a experiência e decidi dar um aumento de 200 euros aos meus
funcionários.
Percebi que, se o dinheiro acabava para mim, também não dava para eles.
Como eles se viravam do dia 20 ao dia 30? Era impossível viver com o
salário que eu pagava.
O SENHOR SUGERE QUE OUTROS EMPRESÁRIOS SIGAM O EXEMPLO?
-Cada um tem sua própria ética e deve fazer da sua vida o que achar melhor.
Mas, seguramente, para mim valeu a pena reduzir um pouco a mais-valia e
repartir os lucros com quem trabalha para mim. Gosto de ver os funcionários
mais tranqüilos e felizes.
MAIS-VALIA? POR ACASO O SENHOR É MARXISTA?
-De jeito nenhum! Sou apolítico!
Aliás, a única categoria ideológica na qual me encaixo é a de egoísta.
O fato de ter dado o aumento aos empregados é a prova cabal de que sou um
grandessíssimo egoísta.
QUAL É A RELAÇÃO ENTRE UMA COISA E OUTRA?
-Simples: se o salário é insuficiente, os funcionários vivem sob stress
psicológico, porque não sabem se conseguirão chegar com dinheiro ao fim do
mês.
A mãe que precisa pagar a escola do filho, o rapaz que quer levar a
namorada para comer uma pizza no fim de semana:
se eles não têm dinheiro para isso, o que farão?
Eles ficarão instáveis do ponto de vista emocional e, conseqüentemente,
trabalharão mal.
Quero que eles estejam bem para aumentar meus lucros.
Por isso, posso dizer tranqüilamente que sou um egoísta.
O STRESS DIMINUI A QUALIDADE DA MASSA?
-Fabrico um produto de altíssima qualidade e alto valor agregado, que é -
não que eu queira fazer publicidade - o maccheroncino de Campofilone, um
tipo de macarrão finíssimo, muito tradicional na Itália.
Não é qualquer mão que é capaz de transformar a farinha de trigo e os ovos
em uma massa tão delicada.
Se o funcionário trabalha feliz, o meu maccheroncino sem dúvida fica melhor
e vende mais.
MAS, NA PONTA DO LÁPIS, O SENHOR JÁ TEVE RETORNO FINANCEIRO?
-Ainda não, mas isso não vai demorar a acontecer.
Já no fim do ano, vou sair ganhando com o aumento que dei aos meus
funcionários.
Sabe por quê?
Em nossa cidade, as festas de Natal e Ano-Novo têm no seu cardápio
tradicional os maccheroncini.
Com a renda extra, os meus funcionários comprarão mais da massa que
fabricam.
As vendas vão disparar... Tenho certeza!
(Recebido por e-mail sem a informação da fonte)
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