quinta-feira, fevereiro 21, 2008

*Vivo ou morto. Meu reino por um homem interessante. *



*Vivo ou morto. Meu reino por um homem interessante. *
Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos
finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com
metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra adolescentes, muitos
deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos
"fabricação em série". Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço
ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia.
Tinha me decidido a banir a palavra "balada" da minha vida e só sair de casa
para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem
aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que
eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram
a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar.
Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas
olham sempre pra mim com aquela cara de "tô no meu mundo, fique no seu".
Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar
"se são meus amigos, logo, devem ter amigos interessantes". Infelizmente
essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra
achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. To fora de gente
desesperada, ainda que eu seja quase uma.
Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a
chave do Audi to mais do que fora, baladas playbas com garotas praianas
hippye-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o
desejo de serem meigas com o desejo de serem manos com o desejo de serem
patos) e rapazes garoto propaganda Adidas com cabelinho playmobil também to
fora.
O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas
rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a
melhor bunda da firma e depois choram "tristeza não tem fim, felicidade sim"
no ombro do amigo, têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha super
descolado só porque tirou a gravata e que fala tudo metade em inglês ao
estilo "quero te levar pra casa, how does it sounds?"
Foi então que descobri os muquifos eletrônicos alternativos, para dançar são
uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não
estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo
todo. To procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.
Minha mais recente descoberta foram as baladinhas também alternativas de
rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana,
estilo bacana, papo bacana… gente tão bacana que se basta e não acha ninguém
bacana. Na praia quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica
aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às
baladinhas praianas. Orkut, MSN, chats… me pergunto onde foi parar a única
coisa que realmente importa e é de verdade nessa vida: a tal da química. Mas
então onde Meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está
passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase
todas pensando no nome do bebê,… e eu? Até quando vou continuar achando todo
mundo idiota demais pra mim e me sentindo a mais idiota de todos?
Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora,
pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e
ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra
casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu
mundo perfeito.
A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que
quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando
por aí?


(Marta Medeiros)

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