sábado, outubro 07, 2006


ESPERA

Não me digas adeus, ó sombra amiga,
Abranda mais o ritmo dos teus passos ;
Sente o perfume da paixão antiga,
Dos nossos bons e cândidos braços !

Sou a dona dos místicos cansaços,
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus braços...
Não vás ainda embora, é sombra amiga !

Teu amor fez de mim um lago triste :
Quantas ondas a rir que não lhe ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no fundo !

Espera...espera...ó minha sombra amada...
Vê que para além de mim já não há nada
E nunca mais me encontras neste mundo !...

FLORBELA ESPANCA
um soneto
do livro " Charneca em Flor "

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