segunda-feira, março 17, 2008

Amélia de hoje




Amélia que era mulher de verdade.

Eu sou apenas uma mulher.

E gostaria de reinvindicar o direito de sê-lo.

Sou vaidosa.

Uso baton pra dar cor à minha vida.

Maquiagem para parecer mais bonita.

Não faço tudo com perfeição; alguns fios de cabelo branco,

apesar de todas as tentativas para evitá-los, aparecem.

Uso cremes pra retardar o envelhecimento e se à noite tenho dores

de cabeça é porque me sinto cansada.

Nem sempre estou disponível e pronta e cometo erros.

Me engano, como qualquer outro ser humano normal.

Gosto de roupas, sapatos, jóias, perfumes e flores.

Um minuto de atenção me faz ganhar todo o dia.

Sou sensível, fraca, frágil. Sou forte quando preciso.

Minha única busca: o amor e tudo o que dele resulta:

crianças, trabalho, dia-a-dia e felicidade.

Mas vou além: quero segurança, andar de mãos dadas,

ser pega no colo e ser chamada de rainha.

Minhas lágrimas me traem quando menos espero.

E desespero.

Detesto a solidão, a falta de atenção.

Sou impaciente e não gosto de esperar.

Não quero ser objeto e nem ter dono.

Sou capaz, por mim mesma, amando,

de me entregar de todo e ser fiel.

Sem amarras, simplesmente por amor.

Posso ferir, como todas as rosas.

Mas perfumo também, dou encanto.

Ilumino o amor como só as mulheres sabem fazer.

Compenso, se assim posso dizer.

Há sempre um preço para a felicidade e

tocar nela é aceitar pagar esse preço.

Sou uma Amélia dos tempos modernos.

Mais independente, sabendo o que quer.

E o que quero é ser eu mesma.




Letícia Thompson

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