sábado, fevereiro 24, 2007

Elli Kokkinou - Tha Perimeno [Music Video]



A quem espero?
Aquele que no meio da escuridão.. irá me reconhecer!

tha perimeno,ta vrádia panda moniha petheno....

A Fria Solidão

48 February 23, 2007 at 09:52 AM EST
Ricky got almost no sleep last night from pain in the middle of his abdomen. At 5:50 am he called me to tell me it was bad. We can't figure out why. He's on all the meds and probiotics there are. They're not working. Rick(my husband) thinks he is building up antibodies to his medicines. (that has happened in the past with Remacaide) Basically he's just trying to hang on 'till the Chicago appointment, hoping they'll have something new. He's trying to get in earlier, but there are 15 people on the waiting list before him. Right now he has finally fallen asleep, exhausted. Our day is starting. He is just getting the sleep he should have gotten all night. That's how it goes. I hope he can rest today. He doesn't have to go to school till Tuesday. I pray for rest and some sign of progress these next four days. Thank you for your continued prayers.

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Personal Observation:
Part of the isolation is because of the schedule he must keep. He is up, alone, all night. Sleeps when most people are up, working. He has estranged himself from all his friends, except one. This house used to be filled with his friends. I remember, he'd call home and say: 'Mom, I'm bringing my friends home.' In 15 minutes, there would be 14 cars in my front yard, the telephone would start ringing. He was the life of the party. music playing, laughter. No more.

A sombria solidão de uma doença incurável que se abateu sobre seu filho...Momentos de dor e solidão..Que Deus ponha a Sua mão salvadora e lhe dê muita fé e amparo,nessa hora,minha amiga querida.Minhas orações e pensamentos estão com você.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Sinceridade?

Sinceridade? não sou do tipo que chama atenção pelo porte físico ou coisa parecida. Já passei dos quarenta, meus cabelos me abandonaram há uns 07 ou 08 verões e minha protuberante barriga denotam o grande sucesso que tive na arte de comer e beber.

Minhas rugas procedem da total falta de credibilidade em protetor solar (esse troço não é coisa de homem sério!)aliada a centenas de noites que fiquei sem dormir na expectativa de não ir para casa sozinho. Bom. Esse sou eu. Ainda bem que para caras como eu (porra! Tem um monte desses por ai)existem os desmanches.


O que é um desmanche?
Sinceridade? Na mesma proporção de caras como eu, existem mulheres com caracterí­sticas semelhantes. Se não são carecas, tem cabelos mal cuidados, se a barriga não é tão grande quanto a minha, tem lá aquela coisa instalada ali na frente.

Ruga então?! Puta que pariu! Não quero falar disso.
Voltando ao assunto, um desmanche é um local onde se tem música, bebida, um globo vagabundo rodando no teto, banheiro mal cuidado,etc.

O local tem que ser escuro porque... sinceridade? Com muita luz acho que ninguém "pegaria" ninguém.
A balada que sempre vou (não vou chamar de desmanche, as mulheres se ofendem pois há quem diga que estes locais tem estes nomes porque as "princesas"que frequentam o local desmancham em um toque) fica perto da minha casa, pois não tenho carro e, se arrumo alguma coisa dá para ir a pé até o meu apartamento.

Coloquei minha roupa de passeio, quinzão no bolso (cinco para entrar e o resto para beber e comer um cachorro quente na hora de ir embora) e fui para a caçada.

Dancei forró, pagode, lenta (não sei nem como se chama hoje em dia estas músicas de se dançar juntos eu falo lenta e acabou!) como umas dez mulheres diferentes.
Já passava das quatro da madruga, eu já num prego do cacete, achando que ia ter de acabar mais uma noite sozinho, deparei-me com uma gata.

Não fui agraciado com beleza mas...papo.. . bom. Papo eu tenho.
Aproximei -me. Era uma loira com uma calça preta com listas amarelas (estas calças de ir em academia) uma bota que imitava coro de cobra, um salto bem alto, o cano da bota ia até os joelhos o que dificultava um pouco os movimentos da"mocinha".
Sua blusa era toda cheia de umas coisas brilhantes (não sei o nome destes troços) bem vermelha. Não sei se é moda, mas, tudo bem, eu não tava procurando ninguém para ser modelo e sim tirar o meu atraso.

Encostei do lado e comecei a jogar meu charme.Sinceridade? Nem precisei conversar muito. Cinco minutos de conversa e já aceitou ir até minha casa. Eu também aceitaria no lugar dela pois, o primeiro ônibus que ia até a direção da sua casa só passaria à partir das sete horas.Fomos caminhando até meu apartamento.

Quando passávamos por luzes fortes podia ver com mais clareza seu rosto.Amigos: Se você tem menos de dezesseis anos e/ou estômago fraco aconselho interromper a leitura a partir deste momento pois daqui para frente a coisa começa a ficar quente.
Tinha mais rugas que meu saco, já não sabia se era loira ou morena. Querodizer era morena pois o cabelo estava do ombro para baixo loiro e para cima moreno. Segundo ela, a próxima grana que ganhar de diarista vai dar um jeito no cabelo.

Sinceridade? A dona era até gostosa mas feia pra caralho mas, porra! Eu não queria ela para bater foto, além do mais não aguentava mais ficar só na punheta. Precisava comer uma mulher, nem que fosse ela.
Abri a porta do meu apartamento e já fui beijando e socando a mão em tudo quanto é lugar..Aí­, como toda mulher faz, começou - Para com isso! Que é que você tá pensando!? .Tudo bem. Todos nós passamos por isso, até as feias tem direito àquelas frescuras do iní­cio.

Dei mais um beijão e já coloquei a mão no bolso e peguei umas balas pra ela. Compreensível: Quatro horas da manhã, fumando, bebendo, qualquer um fica com bafo na boca.
Como toda mulher que você põe no carro ou leva para seu apartamento (até as feias são assim!!) já começou com aquele papinho
- Acho que está na hora de ir embora
- Puta que pariu, a gente tem que passar por isso. Tudo bem, tá ali de pau duro prontinho e tem que ter esta fase!! Bom, fiz minha parte: Conversava um pouco, beijava um pouco, passava a mão, pegava a mão dela e colocava em cima da minha calça, sabe como é, todo aquele ritual básico.

Passados longos dez minutos desta interminável lenga lenga, a Marta (este não é o nome real mas vamos deixar como se fosse), deixou eu tirar sua blusa.Quando tirei a blusa encontrei um enorme obstáculo: estas cintas que apertam o corpo para tampar um pouco a gordura.
Tirei aquele troço. MeuDeus!!

Sinceridade? O cheiro que saiu dali de baixo, se minha tara não fosse do tamanho do Pão de Açúcar, eu teria brochado, mas achei até compreensível afinal, ficar a noite toda dançando com aquele negócio quente enrolado no corpo, não podia dar em outra coisa.

Passados uns cinco minutos meu nariz já havia se acostumado com o cheiro.Pra quem já tinha beijado a boca fedendo a cigarro, um CC não ia matar. Tirei o corpete (foi assim que ela chamou o negócio) e comecei a chupar os peitos.
Tava meio salgado, quero dizer, tava bem salgado, mas, vamos lá, era para comer mesmo! Que mal tinha estar temperado?!? !

Fiquei ali chupando aquela coisa flácida por uns cinco minutos até que finalmente a Marta pegou no meu pau. Tinha, finalmente, quebrado a barreira entre o - acho que vou embora e o acho que vou te dar.
Começamos então a fase final. Ela com a mão no meu pau e eu com a mão na sua xoxota (fica bonitinho este nome!!).

Não deu dois minutos de dedinho e já veio com aquela outra famosa - Eu quero! Eu quero! - como se não quisesse desde o começo mas, tudo bem, respeito. Se não respeita, fica com fama de insensí­vel e...bom, deixa para lá, vamos ao que interessa.

Como todo bom cavalheiro, tirei a mão de lá e coloquei no nariz para"reconhecer o gramado".
Sinceridade? Minha sorte que meu pinto não tem nariz, se tivesse acho que não encararia a parada.Começamos a nos despir. Fui abaixar sua calça e me deparei com as botas:Preciso comentar do cheiro que saiu de dentro das botas???

Se tivesse lugar, poderia jurar que ela escondeu um gato morto em cada pé. Pensei em dar a primeira tomando um banho, talvez melhorasse um pouco as condições. Fomos até o banheiro e, para variar, estava sem água. Sinceridade? Tava louco para dar uma trepada. Meu pau já tava ardendo, as bolas começando a doer...Comi ali mesmo dentro do banheiro (Sim. Usei camisinha!!! ).

Comecei sentado na privada, depois encostei a Marta na parede do banheiro e peguei ela por traz. Pra não gozar muito rápido, fiquei contando quantas bolas de celulite ela tinha na bunda.Quando chegou na vinte e cinco, ela pediu para mudar de posição, eu estava tão empolgado com a minha estatí­stica que nem percebi que ela batia a cabeça na parede com força e acho que já tava machucando.

Fomos para ocorredor do apartamento (no banheiro não tem espaço para ficar deitado).Dei umas bombadas ali e fomos terminar na cama. Dei aquelas gozadas de arder o canal. A Marta disse que gozou três vezes!!!(quem será que está mentindo eu ou a Marta???)Depois que gozei, tirei a camisinha, dei aquela conferida para ver se estavam todos ali, amarrei a ponta e joguei no lixo.

Entrei então naquela parte conhecida pelos homens como o cúmulo da eternidade (Cúmulo da Eternidade: Os minutos entre depois que você goza ea hora em que você leva a mulher embora).
Sinceridade? Com pinto mole não há a menor possibilidade de encarar a Marta!!! Já nos preparativos finais para ir embora disse que estava com fome.

Meus quinzão já tinham ido para o espaço (As balas não foram de graça!!).
Perguntou se não podia pedir uma pizza ou comer um cachorro quente. Para não ficar feio para minha cara, ofereci-lhe para fazer algo para comermos.- Nossa que romântico!!!- Pronto! Só faltava a baranga achar que gostei dela!!!

Fucei os armários e achei um Miojo. Na geladeira tinha uma destas latas de molho pronto de tomate que fazia uma semana que estava lá. Fiz a gororoba.
Tinha uns dois ou três tomates que só parti em quatro e coloquei junto para tirar aquele ar de anemia do prato.Sentamos e comemos.
Comi pouco, a Marta acho que fazia uma semana que não comia.

Não deveria ter colocado aquele molho. A Marta comeu um monte e começou a passar mal. Ficou com dor de barriga.Fiquei com um pouco de dó dela. Dar uma cagaço na casa de alguém que você acaba de conhecer, não é o "sonho" de nenhuma mulher.

Lá foi a Marta . Quase seis horas da manhã, nenhum barulho na rua, a porta do banheiro não fecha direito.
Sinceridade? Nunca uma mulher tinha ido ao banheiro perto de mim (para cagar!) e logo na estréia tive direito a show de efeitos sonoros. Aquele barulho de quando você acelera uma motoca velha, denunciava e forma"líquida" que a coisa tava vindo.

Minha TV queimada, o rádio meu irmão havia pego emprestado. Tive que ouvir a sinfonia do começo ao fim. Ouvi quando ela tentou puxar a descarga (estava sem água, lembra???),quando tentou abrir a torneira para lavar a mão, ambos sem sucesso. Veio então nossa heroí­na daquela batalha que achei não ter mais fim. Foram quinze minutos de barulhos de motoca e de água escorrendo.

Ela saiu do banheiro deixando lá toda a sua obra, deu uma cheirada na mão, esfregou-as e me abraçou.Eu sabia que o cheiro que eu estava sentindo era do banheiro mas, eu tinha a sensação de que vinha da sua boca.
Dei-lhe minhas últimas balas. Aquelas mãos passando em meu rosto como quem quer fazer um carinho, não sei quanto tempo poderia aguentar.

Pegou no meu pau de novo, viu que estava mole e disse: - Vou levantar o bebê de novo. (bebê???)Abaixou minha calça e começou a me chupar.
Sinceridade? Uma boquete é sempre uma boquete. O danado mesmo com todo aquele cheiro de enxofre no ar (ele não tem nariz, lembra???) ficou em pé de novo.

A moça então resolveu escancarar:Começou a fazer um streap (nem sei escrever isso!!). Preferia a boquete mas, tudo bem, vamos respeitar o ritual, para não parecer insensível.
A sala estava meio escura e ela, achando que estava realmente me agradando com aquelas incontáveis bolas de celulite (tinha parado na 25 lembra???),acendeu a luz.

Quando tudo ficou mais claro olhei para aquela bunda e pensei:
Puta que pariu, a gorda tem um monte de espinha na bunda para ajudar. Na verdade para meu espanto ou alí­vio (já não sabia mais o que pensar) não eram espinhas.
Eram algumas sementes do tomate que coloquei na macarronada.

A desinteria deve ter escorrido por toda sua bunda e papel higiênico não limpou tudo que podia e elas ficaram por ali grudadinhas.
Peguei minha cueca, dei uma cuspida, limpei em volta e comi a Marta de novo.
Sete horas da manhã a Marta pegou o ônibus e foi embora.
A água voltou as dez horas.
Não quero mais tocar neste assunto.

( Autor desconhecido)

Os mais novos membros da família!!!!

Hamze
Jihad
Saúde e Paz!!!


segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Que mundo é esse?

Abaixo texto de Paulo Coelho,sobre a morte do menino João Helio,6 anos,que foi arrastado por 7 km ,preso pelo cinto de segurança,do lado de fora do carro,onde sua mãe teve o carro roubado por bandidos.
E eu tenho de assistir,vereadores,deputados,senadores, o diabo a quatro,uma cambada de demagogos,aumentarem seus benefícios em detrimento próprio,num trem da alegria,sem tomarem conhecimento do Brasil do outro lados de suas janelas blindadas e ao que oferecem o povo.Somos todos coniventes com o q acontece nesse país.

Por quem os sinos dobram?
Paulo Coelho

Então estamos nos aproximando cada vez mais do Mal Absoluto. Quando rapazes, em pleno controle de suas faculdades mentais, são capazes de arrastar um menino pelas ruas de uma cidade, isso não é apenas um ato isolado: todos nós, em maior ou menor escala, somos culpados.

Somos culpados pelo silêncio que permitiu que a situação em nossa cidade chegasse a este ponto.

Somos culpados porque vivemos em uma época de "tolerância", e perdemos a capacidade de dizer NÃO.

Somos culpados porque nos horrorizamos hoje, mas nos esquecemos amanhã, quando há outras coisas mais importantes para fazer e para pensar.

Somos os olhos que viram o carro passar, o medo que nos impediu de telefonar para a polícia. Somos a polícia, que recebeu alguns telefonemas através do número 190, e demorou para reagir, porque o Mal Absoluto parece já não pedir urgência para nada. Somos o asfalto por onde se espalharam os pedaços de corpo e os restos de sonhos do menino preso ao cinto de segurança.

A cada dia uma nova barbárie, em maior ou menor escala. A cada dia algum protesto, mas o resto é silêncio. Estamos acostumados, não é verdade?

Muitos séculos atrás, John Donne escreveu: "nenhum homem é uma ilha, que se basta a si mesma. Somos parte de um continente; se um simples pedaço de terra é levado pelo mar, a Europa inteira fica menor. A morte de cada ser humano me diminui, porque sou parte da humanidade. Portanto, não me perguntem por quem os sinos dobram: eles dobram por ti."

Na verdade, podemos pensar que os sinos estão tocando porque o menino morreu, mas eles dobram mesmo é por nós. Tentam nos acordar deste cansaço e torpor, desta capacidade de aceitar conviver com o Mal Absoluto, sem reclamar muito – desde que ele não nos toque.

Mas não somos uma ilha, e a cada momento perdemos um pouco mais de nossa capacidade de reagir. Ficamos chocados, assistimos às entrevistas, olhamos para nossos filhos, pedimos a Deus que nada aconteça conosco. Saímos para o trabalho ou para a escola olhando para os lados, com medo de crianças, jovens, adultos. Entra ano, sai ano, mudam-se governos, e tudo apenas piora. O que dizer? Que palavra de esperança posso colocar aqui nesta coluna?

Nenhuma.

Talvez apenas pedir que os sinos continuem tocando por nós. Dia e noite, noite e dia, até que já não consigamos mais fingir que não estamos escutando, que não é conosco, que estas coisas se passam apenas com os outros. Que estes sinos continuem dobrando, sem nos deixar dormir, nos obrigando a ir até a rua, parar o trânsito, fechar as lojas, desligar as televisões, e dizer: "basta. Não agüento mais estes sinos. Preciso fazer alguma coisa, porque quero de volta a minha paz". Neste momento, entenderemos que embora culpemos a polícia, os assaltantes, o silêncio, os políticos, o hábito, apenas nós podemos parar estes sinos.

Nosso poder é muito maior do que pensamos – trata-se de entender que não somos uma ilha, e precisamos usá-lo. Enquanto isso não acontecer, o Mal Absoluto continuará ampliando seu reinado, e um belo dia corremos o risco de acreditar que ele é a nossa única alternativa, não existe outra maneira de viver, melhor ficar escutando os sinos e não correr riscos.

Não podemos deixar que chegue este dia. Não tenho fórmulas para resolver a situação, mas sou consciente de que não sou uma ilha, e que a morte de cada ser humano me diminui. Preciso parar minha cidade. Não apenas por uma hora, um dia, mas pelo tempo que for necessário. E recomeçar tudo de novo. E, se não der certo, tentar não apenas mais uma vez, mas setenta vezes. Chega de culpar a polícia, os assaltantes, as diferenças sociais, as condições econômicas, as milícias, os traficantes, os políticos.

Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo.

domingo, fevereiro 11, 2007

“Descobri que a maior tragédia humana nasce da inabilidade de amar e ser amado e da nossa incapacidade de tocar e de sermos tocados por esse sentimento, que é a única coisa que dá sentido à vida e à morte dos seres humanos”.
(Alejandro González Iñarritu - diretor do filme - Babel)

sábado, fevereiro 03, 2007

As boazinhas que me perdoem...

Qual o elogio que uma mulher adora receber?
Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos:
mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara.
Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação,
e ela decorará o seu número.

Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.

Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios.
Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.

Agora quer ver o mundo cair?
Diga que ela é muito boazinha.
Descreva aí uma mulher boazinha.
Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha.Educadinha.

Enfim, uma mulher boazinha.Fomos boazinhas por séculos.Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.

Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.
Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
Pitchulinha é coisa de retardada.
Quem gosta de diminutivos, definha.

Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
As boazinhas não têm defeitos.
Não têm atitude.
Conformam-se com a coadjuvância.
PH neutro.

Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas,
apressadas, é isso que somos hoje.

Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
As "inhas" não moram mais aqui.
Foram para o espaço, sozinhas.
(Martha Medeiros)